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José Herculano Pires e o debate filosófico paulistano de seu tempo¹
Por Tiago de Lima Castro²
Resumo
José Herculano Pires é conhecido como jornalista, o filósofo espírita e escritor de uma imensa obra, ainda pouco estudada e analisada. Realizou um intenso debate com os problemas filosóficos em seu tempo. Para compreender como esse debate ocorreu, há necessidade de se investigar a metodologia pelo qual ele sintetiza as ideais de Allan Kardec com as propostas de outros filósofos para o enfrentamento da problemática filosófica contemporânea. Em seguida, se analisará como suas obras enfrentam essa problemática, baseado no mapeamento das tendências na produção filosófica em São Paulo feita por Luis Washington Vita em 1969, focando na problemática de cada tendência. Através desse processo, poderá se verificar na busca por debate cultural efetuado por Herculano Pires uma metodologia específica, na qual o retorno à obra de Kardec é realizado com vistas a uma síntese com elementos do pensamento contemporâneo para encarar a problemática filosófica de nosso tempo. Compreender essa metodologia além de facilitar a compreensão de suas obras, permite pensar na aplicação deste método aos problemas contemporâneos e, inclusive, pensar em outros métodos possíveis a reflexão filosófica no pensamento espírita.
Introdução
José Herculano Pires (1914-1979) é uma personalidade conhecida no meio espírita, porém ainda pouco lido e estudado. Fora um prolífico escritor com uma obra multifacetada que perpassa textos jornalísticos, poemas, romances, obras doutrinárias, sobre pedagogia, parapsicologia e filosofia. O foco deste trabalho é sua obra filosófica.
Em meio espírita, pode-se ver a relevância de sua obra no seguinte comentário de Francisco Cândido Xavier, em carta datada em 31 de outubro de 1971:
As suas crônicas aos domingos, no ´Diário´ estão admiráveis. A Doutrina Espírita sempre brilhando em seus conceitos e esclarecimentos com o equilíbrio, elegância, elevação e bom senso que lhe caracterizam os recursos de Missionário da Nova Revelação. (RIZZINI, 2001, p. 78)
Atuando profissionalmente como jornalista, sempre teve interesse pela filosofia, graduando-se em 1957, especializando-se em história e filosofia da educação, na Universidade de São Paulo. Também foi membro do Instituto Brasileiro de Filosofia (RIZZINI, 2001; VITA, 1969). Jorge Jaime chega a dizer que “a história da filosofia brasileira já possui o filósofo do espiritismo, e esse foi, indiscutivelmente, José Herculano Pires” (2000, p. 144).
Herculano Pires esmerou-se no trabalho de mostrar a relevância da obra de Allan Kardec para o enfrentamento de questões contemporâneas, daí sua constante busca de colocar Kardec em diálogo com o conhecimento e a cultura de seu tempo (JAIME, 2000; MARIOTTI, 1984; PIRES Heloísa, 1992; VITA, 1969). Em sua obra nunca deixou de inserir-se na relação entre ciência, filosofia e religião proposta na obra de Kardec. A falta de compreensão sobre a maneira com que ele realiza esse debate em sua reflexão filosófica cria dificuldades na leitura de sua obra filosófica.
Neste ano, em que se comemora seu centenário, cumpre estudar sua obra tanto naquilo em que ele propõe como em seu método de colocar o espiritismo em diálogo com a produção filosófica de sua época para inspirar novos debates filosóficos em torno do espiritismo e nosso próprio tempo. No primeiro item do trabalho, há um breve levantamento de estudos sobre sua obra. Em seguida, buscará se articular a maneira como o autor coloca o espiritismo em diálogo com outros filósofos e suas propostas.
Após, a obra A Filosofia Contemporânea em São Paulo de Luis Washington Vita (1969) permitirá uma visão geral da produção filosófica de São Paulo nos anos 60. Com isso, podemse analisar como diferentes obras adentram o debate através dos problemas discutidos.
Comentários à obra de José Herculano Pires
Humberto Marrioti (1984) realizou um estudo sobre o método e obra filosófica de Herculano Pires. Segundo Rizzini (2001), ele publicara outros textos em publicações argentinas, porém a obra O pensamento filosófico de José Herculano Pires parece sintetizar suas análises. Ambos foram amigos e debateram uma série de temas, havendo mútua influência em suas reflexões.
Manuel Pelicas de São Marcos (1997; 2001) realiza uma reflexão filosófica partindo das ideias de Herculano Pires, porém, utilizando seus conceitos de maneira criativa para enfrentamento de problemas propostos no conhecimento do espiritismo.
Luis Washington Vita (1969) faz uma análise geral da obra filosófica de Herculano Pires no livro A Filosofia Contemporânea em São Paulo, como o faz com outros autores brasileiros da época. Ele também resenhou a obra O Ser e a Serenidade, entre outras (JAIME, 2000), porém, infelizmente suas resenhas não puderam ser analisadas.
Jorge Jaime (2000) analisa o pensamento de Herculano Pires na portentosa obra História da filosofia no Brasil, em que realiza uma pesquisa do pensamento filosófico no Brasil através de seus principais autores, concluindo que “a história da filosofia brasileira já possui o filósofo do espiritismo, e esse foi, indiscutivelmente, José Herculano Pires” (2000, p. 144).
Há uma grande lacuna na análise da obra filosófica de Herculano Pires, que precisa ser preenchida com maiores pesquisas.
O método filosófico de José Herculano Pires
Hoje, os filósofos compreendem que as escolas servem como pontos de observação, como posições estratégicas e não como trincheiras definitivas no campo de batalha do conhecimento. Não mais se formulam grandes sistemas.
A época dos sistemas passou. A sistemática foi substituída pela problemática: importam os problemas, não as explicações conclusivas. (PIRES, 2005b, p. 37)
A obra de Kardec ao tratar do aspecto filosófico do espiritismo diz: “sua força está na sua filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom senso” (2004, p. 345). Mesmo colocando-se contra o materialismo, ele não se utiliza de uma negação das teorias materialistas enquanto método. Prefere, seguindo uma tradição francesa, apresentar sua teoria estando nela mesma a força de argumentação contra o materialismo, por isso diz: “[...] essa filosofia me explica o que nenhuma outra havia explicado; nela encontro, pelo simples raciocínio, uma demonstração racional dos problemas que interessam no mais alto grau ao meu futuro” (KARDEC, 2004, p. 344). Portanto, não se propõe a contradizer diretamente outras teorias, confiando na força argumentativa de sua própria teoria.
Humberto Mariotti considerava Herculano Pires como “[...] um dos mais eruditos kardeciólogos contemporâneos” (1984, p. 19), compreendendo kardeciólogo enquanto aquele que utiliza do pensamento de Allan Kardec para enfrentar racionalmente os problemas contemporâneos. Nesse enfrentamento, o problema do espiritismo enquanto uma proposta que liga ciência, filosofia e religião traz um problema epistêmico que Herculano Pires (2004a) enfrenta e Mariotti destaca que a obra “[...] de Allan Kardec anularia a divisão do conhecimento para estabelecer uma universal unidade gnosiológica. ” (1984, p. 20) .
Essa unidade gnosiológica implica em dizer que devido à complexidade da realidade, utilizar somente a ciência ou a filosofia para apreendê-la seria um erro metodológico, daí a necessidade de diferentes métodos científicos e filosóficos para sua apreensão. A religião, nesse caso, apresenta-se como a maneira com que se lida com a existência no processo de apreensão da realidade. Essa apreensão não é somente um processo de conhecimento, mas um processo de engajamento com a própria realidade, esse é o sentido de religião, como engajamento com a realidade, com o mundo, com a existência em que o indivíduo não vivencia uma dicotomia entre conhecimento e prática, entre conhecer e ser.³
Jaime (2000) reconhece na relação entre ciência, filosofia e religião como essencial na obra de Herculano Pires e que, citando Vita, tal relação adviria da obra de Kardec.
Ao analisar a obra O Espírito e o Tempo, isso ficará mais claro.
Mariotti (1984) propõe que para isso Herculano Pires utiliza-se do método dialético. Após discorrer sobre a dialética em Hegel, Marx e Engels, Herculano Pires, partindo de Hamelin, propõe dialética enquanto “[...] um processo de fusão necessário da tese e da antítese, na produção de uma nova ideia ou nova tese” (PIRES, 2004, p. 16). Neste caso, tese e a antítese são efetivamente heterogêneas. Em Hegel (2008), por exemplo, a dialética pode ser compreendida na metáfora do botão de rosa, a tese, que é destruído no surgimento da flor, a antítese; porém esse é um movimento interno em que a tese e antítese são heterogêneas somente em aparência, já que a flor é um desdobramento e expressão mais atualizada do botão, sendo ambos homogêneos essencialmente. Marx e Engels aplicaram o método hegeliano de um ponto de vista material, na histórica compreendida enquanto um desdobrar dialético da luta de classes sociais.
Para Herculano Pires, o método dialético é utilizado à semelhança da relação entre espírito e matéria em Kardec, em que são elementos heterogêneos, porém, só podem ser conhecidos separadamente “[...] através do pensamento” (KARDEC, 2004, p. 61), já que ambos estão em comunhão como estruturadores da realidade. Herculano Pires aplicará a dialética dessa maneira como método de investigação filosófica e debate entre espiritismo e outras propostas filosóficas. Para isso, criará conceitos e significações, através de neologismos, para uma síntese nesse debate.
A influência de Kardec ainda se faz presente, já que este propõe:
Não há, entretanto, para o homem de estudo, nenhum antigo sistema filosófico, nenhuma tradição, nenhuma religião a negligenciar, porque todos encerram os germes de grandes verdades, que, embora pareçam contraditórias entre si, espalhadas que se acham entre acessórios sem fundamento, são hoje muito fáceis de coordenar, graças à chave que vos dá o Espiritismo de uma infinidade de coisas que até aqui vos pareciam sem razão, e cuja realidade vos é agora demonstrada de maneira irrecusável. Não deixeis de tirar temas de estudo desses materiais. São eles muito ricos e podem contribuir poderosamente para a vossa instrução (KARDEC, 2004, p. 37)
Herculano Pires coloca uma nota de rodapé em sua tradução desse trecho dizendo que “também nos sistemas modernos de filosofia ou ciência, por mais contrários que pareçam aos espíritas, uma análise verdadeiramente espírita poderá revelar a existência de grandes verdades.” (PIRES apud KARDEC, 2004, p. 225)
Além de Kardec, há grande influência do escritor espírita francês Léon Denis na maneira como Herculano Pires encara a problemática filosófica de seu tempo, sendo que tal influência necessita de estudos mais aprofundados. Dialogou também com escritores espíritas como Cairbar Schutel, Cosme Marinho, Deolindo Amorim, Gonzales Soriano, Gustave Geley, Humberto Mariotti, entre outros. Entretanto, o pensamento de Kardec enquanto base reflexiva é uma constante em seu trabalho.
Por isso, Herculano Pires propõe a epígrafe acima enquanto método, colocando as propostas de Kardec em debate com a filosofia de seu tempo através dos problemas enfrentados por estas reflexões. Por ser um debate de ideias, simplesmente negar a ideia do outro sem apreender aquilo que pode ajudar no enfrentamento do problema seria um erro metodológico que impediria o debate e mesmo o enfretamento da problemática proposta, já que novos problemas constantemente surgem clamando um debate intelectual dentro do próprio tempo e local em que a problemática emerge. Daí a necessidade de constantes sínteses para que o pensamento espírita ocorra dentro de nosso tempo, o que não implica em considerar as ideias da obra de Kardec ultrapassadas, pois sintetizar implica da união de elementos diferentes para a criação de um novo, ou seja, tornando as ideias de Kardec presentes na problemática contemporânea.
Existem críticas de que ao tratar de outros filósofos, Herculano Pires faria uma leitura superficial sem aprofundar os conceitos destes em seus textos. Entretanto, há uma má compreensão de sua proposta, pois ao se aproximar de algum filósofo para debater com este, ele não escreve como um comentador ou historiador da filosofia, ou seja, através de uma análise estrutural do filósofo discutido. Herculano Pires almeja discutir a problemática em si mesma, realizando uma síntese da proposta de Kardec com a dos filósofos discutidos que mostraria a força do pensamento espírita no presente através desta síntese que não nega, a priori, as conquistas do pensamento filosófico contemporâneo, mas o amplia ao sintetizá-lo com o pensamento espírita de Allan Kardec, também se utilizando da bibliografia espírita posterior a este, juntamente com a literatura metapsíquica e parapsicológica. 5
Ao longo da história da filosofia, vê-se que os a filósofos que propõem novas ideias tendem a não ler bem outros filósofos, pois não os leem como um historiador ou como comentador, mas leem de maneira criativa para fecundar novas ideias. De inúmeros exemplos que poderiam ser elencados, Deleuze ao responder a críticas sobre a maneira como escreve sobre outros filósofos e assimila os conceitos destes para criar em seus escritos diz:
Eu me imaginava chegando pelas costas de um autor e lhe fazendo um filho, que seria seu, e no entanto seria monstruoso. Que fosse seu era muito importante, porque o autor precisava efetivamente ter dito tudo aquilo que eu lhe fazia dizer. Mas que o filho fosse monstruoso também representava uma necessidade, porque era preciso passar por toda espécie de descentramentos, deslizes, quebras, emissões secretas que me deram muito prazer. (DELEUZE,1992, p. 14)
Quer dizer, ele lê de maneira criativa estes filósofos mesmo quando escreve sobre eles, daí a analogia com ter um filho, porém monstruoso, no sentido em que não os lê como um comentador para compreendê-los melhor somente, mas os lê para criar novos conceitos e novas articulações filosóficas a partir dessa leitura.
Isso ocorre em grande parte da história da filosofia, por isso é um erro analisar a obra de Herculano Pires como se fosse um historiador ou comentador, já que está propondo uma síntese entre o pensamento espírita e a cultura contemporânea.
Na análise do debate filosófico paulistano dos anos 60 e como Herculano Pires se coloca, ficará mais claro o seu método filosófico.
O debate filosófico paulistano na época de Herculano Pires
Luis Washington Vita publicou em 1969 a obra A Filosofia Contemporânea em São Paulo, que se constitui em uma antologia da produção filosófica em São Paulo nos anos 60. Propõe que os filósofos paulistanos, mesmo representando diferentes correntes da filosofia em geral, tendem a ter uma leitura voltada para o contexto brasileiro, refletindo em seus escritos “[...] o mundo em que vive” (VITA, 1929, p. 26). Os autores escolhidos estão ligados, como o próprio Vita, ao Instituto Brasileiro de Filosofia que, entre outras coisas, publicava a Revista Brasileira de Filosofia. Primeiramente, o autor contextualiza o ensino de filosofia no Brasil e em São Paulo.
Metodologicamente, Vita não entra na discussão do quanto estes filósofos são originais, tendo como proposta metodológica a análise dos problemas discutidos por estes filósofos e não análise de originalidade. Afinal “não são as doutrinas e nem os métodos os que imprimem o selo do século XX ao pensamento de hoje. São antes os problemas” (PUCCIARELLI apud VITA, 1969, p. 30). 6 Ele apresentará estes filósofos através de uma antologia de seus próprios textos, antecedidos por um breve histórico introdutório de cada pensador analisado.
Discute também que todos estes pensadores, mesmo que mais abstratos, tem forte ligação com o que ocorre naquele contexto histórico e social, e que suas produções tem como característica as exigências postas pela ciência na fundamentação do saber e da crise da cultura, em que antigos valores diluem-se exigindo novas fundamentações.
Ele divide a produção paulistana nas seguintes tendências: culturalismo, espiritismo 7, existencialismo, neomarxismo, neopositivismo, neotomismo e vitalismo. Cada item terá uma análise buscando compreender o quanto à obra de Herculano Pires é uma resposta a este contexto filosófico através dos problemas principais de cada tendência.
Culturalismo
O termo culturalismo aparece aqui no sentido de que o âmbito da reflexão seja a cultura, compreendida como: “[...] processo autônomo de criação especificamente humano e no qual os valores humanos adquirem significação” (VITA, 1969, p. 29). 8
A principal obra em que Herculano Pires debruça-se sobre a reflexão da cultura é O Espírito e o Tempo. Ela tem como ponto de partida a existência dos fenômenos mediúnicos e a tese de Bozzano (1997), que as manifestações mediúnicas estariam na origem das religiões. Partindo deste princípio, ele desenvolverá uma análise antropológica do processo de formação cultural da antiguidade aos dias de hoje, envolvendo não somente a questão religiosa, mas do próprio desenvolvimento da linguagem, da ciência, da filosofia e da razão em geral.
Ao adentrar a temática da história, surge o problema de refletir qual o móvel da história. Enquanto Hegel, por exemplo, propôs que a história é o processo de desdobramento da razão, sendo esta o móvel da história. Para Marx, entre outros, são as relações materiais do convívio social que são o móvel da história. 9.
Herculano Pires, partindo do princípio de que em tudo existe a interação entre espírito e matéria, irá propor que a comunhão entre estes elementos seja o móvel da história, ou seja, nem somente as ideias e nem somente as relações materiais, mas ambas conjuntamente movem a história, que, portanto, não é exatamente linear. A análise na obra é regida pela antropologia cultural, sendo que a cultura existe devido a um grupo de pessoa num local e num tempo histórico específico, porém como compreende que estes indivíduos são Espíritos reencarnados 10, ou seja, a história não pode ser encarada como um processo exatamente linear, rompendo com as teorias históricas do século XIX que viam a linearidade enquanto a essência do processo histórico. Visto que o protagonista da história é o “[...] o homem como Espírito reencarnado e motor fundamental de todo processo histórico” (MARIOTTI, 1984, p. 41).
Dessa maneira, Herculano Pires discute com os culturalistas de seu tempo apropriandose de algumas teorias, mas sintetizando-os com o pensamento espírita para propor uma teoria sobre o desenvolvimento antropológico e cultural. 11
Existencialismo
O existencialismo fora um grande marco aquela época no Brasil, principalmente na obra do filósofo francês Jean-Paul Sartre. Sobre o existencialismo, Vita diz que este “[...] quer que não seja a faculdade cognoscitiva a única a entrar na pesquisa filosófica, mas o indivíduo todo inteiro com seu ser, os seus sentimentos, suas paixões” (1969, p. 29).
Para debater com Sartre, Herculano Pires apropria-se de conceitos da ontologia de Martin Heidegger, que também influenciou Sartre em O Ser e o Nada, a partir da metodologia exposta acima, criando também novos conceitos que permitam esse debate. Isto se realiza na obra O Ser e a Serenidade, publicado em 1966, e em obras posteriores. A influência de O Problema do ser, do destino e dor, de Léon Denis, se faz presente também.
O existencialismo sartreano se propõe a analisar o humano partindo de sua inserção na existência, de maneira que o humano não é um sujeito que se relaciona com um objeto, o mundo, em que ambos são estáticos e fechados em si mesmos, mas um existente que se relaciona com o mundo numa relação dinâmica e movente e de mútua significação. Neste caso, não é o humano que forma o mundo ou o mundo que forma o humano, mas numa relação fenomenológica, como proposta por Edmund Husserl.
A condição humana é analisada propondo que “[...] a existência precede a essência” (SARTRE, 1973, p. 11), ou seja, primeiro o humano insere-se no mundo para depois constituir sua essência, aquilo que ele é, na própria existência, sendo esta essência nunca acabada, mas em constante auto-constituição. Tal raciocínio implica que o humano a ser condenado a liberdade, já que este constantemente escolhe e molda sua essência a cada decisão – mesmo não decidir algo já é uma decisão. De maneira que a relação dinâmica do humano com o mundo leva que cada ato traz uma responsabilidade individual perante si e perante toda a humanidade. Tamanho peso gera a angústia existencial, a náusea.
Mariotti propõe que “a problemática existencial contemporânea encabeçada por O Ser e o Nada de Jean-Paul Sartre em Herculano se resolve por uma visão ontológica espírita” (1984, p. 75). Herculano Pires proporá o conceito de interexistência, sintetizando o pensamento espírita com o existencialismo, em que o existente é transcendido através da ideia de reencarnação, da multiplicidade de existências advertindo, porém, que “[...] o que nos interessa não é a multiplicidade, e sim as relações entre as regiões existenciais” (PIRES, 1999, p. 17). Afinal, no pensamento espírita existe vida em nosso mundo como no mundo espiritual, ambas estando em contínua e plena relação. Porém, o interexistente constantemente escolhe, em nosso mundo material e no mundo espiritual, gerando responsabilidade sobre si mesmo e sobre os demais. Considerando que seu senso moral desenvolve-se dinamicamente na espiral da ipseidade, compreendida enquanto “[...] individualização ou a condição da individualidade enquanto tal” (PIRES, 1999, p. 16), esta responsabilidade o encaminha paulatinamente a serenidade, a perfeita manifestação de seu ser no mundo, seja material ou espiritual.
Essa reflexão tem continuação na obra Introdução à filosofia espírita; O mistério do Ser ante a dor e a morte; Concepção Existencial de Deus, uma de suas obras mais ousadas em que busca compreender Deus através do método ontológico-existencial; entre outras. Chegou mesmo a dedicar um capítulo da obra Curso Dinâmico de Espiritismo, que tem o caráter de uma introdução ao pensamento espírita, à análise do existencialismo, mostrando o impacto que este teve sobre Herculano Pires e, simultaneamente, mostrando sua preocupação constante de colocar o Espiritismo em debate com a cultura de seu tempo, colocando esta e outras articulações filosóficas inclusive numa obra introdutória. Daí Vita dizer que Herculano Pires busca “[...] uma síntese entre kardecismo e existencialismo” (1969, p. 111).
Neomarxismo
O neomarxismo é compreendido por Vita (1969) não como uma reflexão semelhante aos marxistas ortodoxos russos, mas como uma continuidade de um pensamento filosófico em que a consciência individual adviria de seu ser social, da superestrutura, a qual é a base jurídica e política das relações materiais de produção. Neste contexto histórico, falar de um neomarxismo é extremamente complexo devido a Ditadura Militar, daí um risco implícito nessa reflexão, talvez daí a ênfase que Vita coloca no marxismo como uma filosofia do século XIX, porém ainda fornecendo subsídios para reflexão em sua época.
Ao tratar do culturalismo, foi abordado o conceito de história trabalhado por Herculano Pires, entretanto, o fato do marxismo propor a necessidade de uma transformação do mundo ao invés de sua constante reflexão, junto com seu impacto na América Latina à época, gerou a necessidade de Herculano Pires enfrentar essa problemática. Marrioti (1984) já na articulação do pensamento espírita com o existencialismo, principalmente no diálogo com Sartre, surge essa problemática.
Em O Reino, em que propõe a necessidade de transformação individual, já que “o mundo é reflexo do homem” (PIRES, 2002, p. 87); advindo à necessidade de transformar as condições sociais, sem violência; mas utilizando-se da educação que gera um movimento que leva a transformação natural do mundo; por ser parte do próprio processo de evolução do Espírito, compreendida essa necessidade enquanto uma lei natural. Entretanto, este é o texto da segunda edição da obra, sendo a primeira publicada em 1946. Não é o foco adentrar as diferenças entre elas, mas há mudança de pensamento ao longo dos anos e de contínua reflexão sobre a obra de Kardec, já que esta propõe um processo de transformação do mundo através da educação tanto intelectual como moral, compreendendo educação moral como desenvolvimento do senso moral do indivíduo, não a obrigatoriedade de regras comportamentais.
Essa relação entre o conhecimento espírita e uma prática de transformação do mundo através de suas ideias é uma constante em sua obra, levando-o a escrever sobre educação e pedagogia (2004b).
Neopositivismo
Diferente do positivismo do século XIX, que baseava na observação empírica, este está vinculado à análise das enunciações científicas como método de validar este conhecimento, seguindo a esteira de Mach, Neurath e Carnap, tornando-o a única forma de conhecimento válido em nossa época, como sugerido por Vita (1969).
Herculano Pires não discute as propostas epistemológicas dos autores citados. Porém, como o pensamento espírita propõe uma face científica em sua leitura da realidade, o autor enfrenta a questão articulando uma epistemologia espírita abrangendo a relação entre ciência, filosofia e religião (PIRES, 1988; 2004a; 2005b; 2005c); e os fenômenos mediúnicos, que são a base experimental para a existência do Espírito, se comprovariam por toda a bibliografia metapsíquica, parapsicológica e das pesquisas psíquicas em geral. Chegou, inclusive, a escrever livros específicos para discutir a parapsicologia tanto para sua divulgação como para colocá-la em debate com o pensamento espírita que forneceriam um subsídio científico que possibilite à reflexão filosófica, inclusive as questões metafísicas.
Jaime, comentando sobre esta face da obra de Herculano Pires diz:
Realmente, o espiritismo precisava de um arauto que o colocasse em seus devidos lugares, quando o aparecimento da parapsicologia poderia abalar seus alicerces. José Herculano Pires foi essa voz esclarecedora, dando uma orientação doutrionáriafilosófica aos seguidores de Allan Kardec, preocupado em esclarecer os pontos mais controvertidos do assunto. (JAIME, 2000, p. 143)
Herculano Pires também não deixou de enfrentar o problema do cientificismo em meio espírita, ou seja, uma tendência de ver o conhecimento científico como única forma de conhecimento válido e acima de qualquer outra atividade humana. Para isso, articulou uma epistemologia que reúne filosofia, ciência e religião como já citado.
Na obra A Pedra e o Joio, o autor discute a obra Teoria Corpuscular do Espírito, de Hernani Guimarães Andrade propondo que este reduziria o pensamento espírita a um mecanicismo científico, ou seja, “[...] prender a doutrina espírita numa gaiola de conceitos físicos, materiais” (PIRES, 2005a, p.34). Na análise de Herculano Pires, o problema da teoria de Hernani Guimarães é para trazer validade científica ao Espiritismo este aproxima o espírito de modelos atômicos, ou seja, modelos referentes à matéria o que seria um grave erro metodológico, pois os modelos atômicos da física referem-se à constituição da matéria. Ao propor um modelo de espírito semelhante a modelos atômicos, reduzir-se-ia o espírito a própria matéria.
Essa mistura de metodologia de uma ciência a outra é um grave erro já que Herculano Pires propõe que “Kardec transformou o espírito, entidade metafísica, em objeto específico da pesquisa científica” (PIRES, 2005a, p. 27) através dos fenômenos mediúnicos, ou seja, propondo uma nova metodologia a um novo objeto. Como a física tem como objeto de estudo a matéria, seus métodos e modelos contemplam a própria matéria. Daí utilizar modelos específicos da matéria para estudar o espírito não é uma prática científica, já que cada objeto necessita de métodos específicos a sua pesquisa. Este é o teor da crítica de Herculano Pires a teoria corpuscular do espírito, já que esta analisa o espírito por métodos específicos a matéria.
Pode argumentar que Herculano Pires ao tratar de antimatéria cometeria algumas conclusões apressadas para embasar a cientificidade da tese espírita, como na frase: “O mundo material e sua contraparte espiritual (que os cientistas começam a descobrir como antimatéria) constituem o mundo natural” (PIRES, s/d, p. 136), o que também seria cientificismo. Em seu programa de rádio ao ser perguntando sobre a antimatéria responde:
A definição mais comum para a compreensão vulgar que os cientistas têm usado é aquela de dizer que anti-matéria é a matéria às avessas, é a matéria ao contrário. [...] Podemos dizer que um átomo de anti-matéria é uma átomo ao contrário do átomo material. [...] No anti-átomo, quer dizer, [...], todas essas partículas do átomo estão invertidas. Elas funcionam ao contrário daquilo que nós vemos na matéria [...] A antimatéria representa, na doutrina espírita, uma fase, por assim dizer, do processo material, um campo da matéria que é diferente do campo comum aos nossos sentidos, porque apresenta-nos uma matéria mais rarefeita, mais sutil [...] e dotada de energias completamente diferentes das nossas, uma vez que essas energias se dirigem em sentido contrário da força ou dos vetores que conduzem as energias físicas. Ora, a anti-matéria seria assim, para nós, aquilo que chamamos o fluído universal. (PIRES, 2014)
Independente da exatidão científica desta aproximação, ela não se relacionar com as análises epistemológicas citadas acima. Conhecer a compreensão da antimatéria do autor permite uma leitura mais apurada do uso do termo em sua escrita de obras filosóficas.
Neotomismo
O Neotomismo é compreendido aqui não somente como uma valorização da filosofia medieval, principalmente em Tomás de Aquino, mas uma continuidade desta em enfrentamento dos problemas contemporâneos reconduzindo-os “[...] à sistemática tomista” (VITA, 1969, p. 27).
Pode-se ver um certo diálogo de Herculano Pires com esta tendência já que ele trata de temas metafísicos dialogando com a filosofia contemporânea, porém, há obras específicas em que ele propõe uma análise do problema religioso no mundo através de metodologias antropológicas (2005c), genealógica (1977), histórica (2009a) e mesmo fenomenológicoexistencial (2003), através do método descrito acima. De maneira que ele enfrenta problemática de tratar de Deus e temas metafísicos em uma época pós-metafísica, não retornando a uma tradição neotomista, mas sintetizando as propostas de Kardec com o pensamento contemporâneo através destas diversas metodologias. Em geral, suas obras sempre perpassam por esta problemática.
Ao longo de sua obra há uma crítica à tradição católica e, por consequência, a filosofia medieval propondo que esta tradição ao transformar o homem Jesus em um Deus impondo dogmas de fé sobre a razão e a ciência, gerou o materialismo e a negação do conhecimento metafísico presente em nossos dias.
Outro aspecto da religião que ele propõe é que esta é parte intrínseca do processo antropológico e histórico. (PIRES, 2005b)
Vitalismo
Vita (1969) compreende o vitalismo enquanto a uma investigação do homem por um ponto de vista das funções biológicas, porém “[...] postulando ao mesmo tempo uma ´força vital´, um princípio da vida irredutível às forças da matéria inerte” (1969, p. 28).
Essa ideia de um princípio vital que faculte a matéria inerte tornar-se vida é uma ideia presente no pensamento espírita, porém este princípio é uma consequência da ação do espírito (princípio espiritual) à matéria, pois “[...] a vida é um efeito produzido pela ação de um agente sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, da mesma forma que a matéria não pode viver sem ele” (KARDEC, 2004, p. 72).
Em obras como A Ciência Espírita e Relação Espírito-Corpo, publicada postumamente, estuda-se as relações entre a constituição biológica e o indivíduo.
Há um diálogo de Herculano Pires com Henri Bergson – classificado por Vita (1969) como vitalista – ao longo de suas obras, notadamente através do conceito de religiões abertas e fechadas. Outros autores, como Dénis (2001) e Sayegh (2010) chegaram a articular essa relação entre Bergson e o pensamento espírita.
Conclusão
Após repassar por estudos sobre a obra de Herculano Pires, articulou-se seu método filosófico de síntese entre as ideias de Allan Kardec com o pensamento filosófico contemporâneo, gerando novos conceitos nesse processo, para o enfrentamento da problemática filosófica de sua época. Como o foco é a problemática contemporânea, e não a crítica de outras propostas filosóficas, a própria reflexão resultante se valida em si mesma pelas possibilidades de lidar com os problemas. Este método, na esteira de Allan Kardec, necessita ser bem compreendido para uma boa leitura de suas obras.
Utilizando-se da divisão de Vita (1969) das tendências da produção filosófica de São Paulo, através de suas problemáticas específicas, pode-se vislumbrar a busca por colocar o Espiritismo em debate com a produção filosófica de seu tempo através dos problemas mais do que dos autores, dentro das possibilidades de um artigo.
É imprescindível compreender sua metodologia tanto para facilitar a compreensão de suas obras, como para criar novas reflexões filosóficas no enfrentamento da problemática de nosso próprio tempo, de maneira que o pensamento espírita não fique congelado como algo posto na história do pensamento humano, mas fique continuamente vivo debatendo filosoficamente com os novos problemas que sempre emergem e clamam por novas reflexões filosóficas. A maneira com Herculano Pires retorna a Kardec não para afirmá-lo dogmaticamente, mas para esse enfrentamento não negando as conquistas culturais de nossa época, é uma prática essencial em nossos dias.
O apontamento do método filosófico de Herculano Pires pode, inclusive, incitar a buscar outras possibilidades metodológicas do debate entre o pensamento espírita e a filosofia contemporânea. Porém, para isso é necessário acompanhar o movimento de ideias em sua própria obra para melhor análise de seu método filosófico.
1 A publicação nas mídias sociais do NEF – Núcleo Espirita de Filosofia relacionada a reprodução parcial da obra CASTRO, Tiago de Lima. José Herculano Pires e o debate filosófico paulistano de seu tempo. In: FONSECA, Alexandre Fontes da (Org.); SAMPAIO, Jáder dos Reis (Org.); MILANI, Marco (Org.). O espiritismo, as ciências e a filosofia. São Paulo: CCDPE-ECM, 2014. p. 145-168. ISBN 978-85-64907-05-8 foi permitida com a autorização por escrito da diretoria do CCDPE-ECM, assim como, do autor.
2 Trabalho apresentado no 10 Enlihpe (2014) e publicado na coletânea O Espiritismo: As Ciências e a Filosofia (2014).
3 Este texto não tem a pretensão de apresentar essa articulação entre ciência, filosofia e religião proposta em Kardec e articulada por Herculano Pires em diversos textos (1988; 2004a; 2005a; 2005b). Para isso, recomenda-se também a análise da questão em Incontri (2004), Marcos (1997; 2002) e Sayegh (2004).
4 Há obras de Herculano Pires sobre parapsicologia e mediunidade. No parágrafo, o foco são as obras filosóficas que mais interessam a este texto.
5 A obra Os Filósofos é a única obra em que ele se debruça sobre outros autores como historiador e comentador de filosofia. Entretanto, esta obra é um manual de filosofia, por isso o caráter didático, voltado à sua divulgação para o grande público.
6 Jorge Jaime seguirá o mesmo método em sua obra de quatro volumes História da filosofia no Brasil.
7 A presença desta categoria pode parecer estranha, porém Vita (1969) cita além de José Herculano Pires, Hamilton Prado e Berto Condé. Não é o foco deste artigo analisar suas obras, porém, é interessante o autor colocar essa categoria em sua obra.
8 Foge aos objetivos deste texto analisar como Vita (1969) classifica cada filósofo e dos conceitos implícitos e explícitos presentes em suas classificações.
9 Este trecho busca resumir a teoria de Hegel e Marx sobre a história devido ao espaço que seria necessário para aprofundar a discussão.
10 O indivíduo enquanto um Espírito reencarnado é um elemento essencial para compreender as reflexões de José Herculano Pires.
11 Todos os textos serão abordados de maneira sintética, já que não há a presunção de esgotar o tema nestas páginas, mas propor caminhos para aprofundamento dessa investigação.
REFERÊNCIAS
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